A dez dias do início do julgamento mais esperado do Supremo Tribunal Federal, os protagonistas do processo do mensalão, que ao todo envolve 38 réus, começam a ganhar a mídia novamente. O esquema de compra de votos dos parlamentares da base aliada para a aprovação de projetos do governo federal foi delatado, em 2005, pelo presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. O ex-deputado declarou, na semana passada, que está confiante na sua absolvição e sustenta que o julgamento do STF “será técnico e não político”. Jefferson é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por, supostamente, ter recebido R$ 4 milhões do chamado valerioduto, que seria operado pelo publicitário Marcos Valério e abastecia parlamentares aliados ao governo.
Aliás, Valério voltou às manchetes com uma notícia alentadora, para ele. O Tribunal de Contas da União considerou regular o contrato milionário da empresa de publicidade DNA com o Banco do Brasil, o que pode atenuar a sua implicação. A ministra Ana Arraes entendeu que uma lei aprovada em 2010 com novas regras para a contratação de agências de publicidade pela administração pública - e que valeriam para contratos já encerrados - esvaziaram a irregularidade apontada anteriormente pelo próprio TCU contra Valério.
Ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como o “chefe da quadrilha” do mensalão. Depois de pedir que os estudantes saíssem às ruas em sua defesa, no encontro da União da Juventude Socialista, realizado mês passado, no Rio de Janeiro, Dirceu preferiu agora, às vésperas do julgamento, fazer um retiro. Foi ao interior de Minas Gerais gozar de alguns dias de sossego em Passa Quatro, sua cidade natal. Mas o ex-ministro ainda pode surpreender com uma aparição pública. Ele é um dos palestrantes confirmados para um debate no Memorial da Resistência de São Paulo, no próximo sábado, sobre a luta armada contra a ditadura militar. Ele foi convidado a falar sobre a história do Molipo (Movimento de Libertação Popular), do qual foi dirigente.
Também respondem por integrar o núcleo mentor do mensalão o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Além desses já mencionados, outros 33 réus, uns com mais outros com menos envolvimento, com mais ou menos apelo midiático, a serem absolvidos ou condenados, já fazem parte história da corrupção no Brasil, que, no caso do mensalão, é contada oficialmente nas 50 mil páginas de processo do Supremo, configurando-se no maior escândalo do governo Lula.
Texto de Adão Oliveira | Jornal do Comércio
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